sábado, 30 de junho de 2012

-- - Allana B.



O tempo cura tudo. Tolos. Tolos todos os que dizem e repetem esse estúpido período simples.
O tempo não cura nada. Feridas são inapagáveis. Todos os seus dados, erros e pecados são encapsulados e armazenados permanentemente em cada célula do seu cérebro. Todas as palavras que saíram da sua boca, todas as mãos apertadas em reuniões secretas, tudo, tudo está livre, percorrendo a atmosfera. Nada está a salvo.

Tô cansada de ser mãe de todo mundo, de dar coberta, de aquecer o frio. Hoje eu preciso de colo, de abrigo, mas meus braços só encontram essas paredes.

domingo, 24 de junho de 2012

Me avisa - Allana B.



Eu arrumo a minha casa
Mas você não vem
Então eu sento no asfalto
Sem estacas, sem ninguém

Eu faço meus pedidos
Construo meu altar
Embora sempre me falassem
Que eu não sabia rezar

Que eu nunca descobri
E nem podia ensinar
O que era o silêncio
Que não ousei escutar

Mas eu sei que aprendi
Pra quando você chegar
Então me avisa, pra eu pintar
Novas taças pra brindar

Me avisa pra eu pintar
Novas taças pra brindar

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Que quer os seus beijos - Allana B.


Olha como ele lança
Seus olhos de dança
Nos teus cabelos

Olha como ele cisma
Que quer os teus beijos
Em cima do altar

Sentir o prazer
Da casa arrumada
Da pressão dos dedos

Olha como ele finge
Que com teus sorrisos
Aprendeu a amar

Pra sempre - Allana B.



O medo se esconde nas ideias tortas, ideias inseguras que saltitam pelos vales das lembranças. E há muito mais delas no meu travesseiro do que eu possa esconder quando os olhos de fecham.
A pista está sempre escorregadia, o farol frequentemente baixo, as curvas eternamente acompanhadas das placas de "perigo", e o meu carro temperamental permanece desgovernado.
Talvez não haja mais solução, talvez seja hora de cerrar as mãos e deixar que o oxigênio paire sem dificuldade dentro de meus pulmões. Talvez seja hora de dormir, porque eu quero dormir. Pra sempre.

Gosto - Allana B.



Eu gosto dos seus olhos
Eu gosto do seu sorriso
Eu gosto do eu cabelo

Eu gosto do seu gosto
Eu gosto do seu cheiro
Eu gosto do seu jeans velho

E eu ainda gosto de fingir
Que depois de gostar tanto
Eu não gosto mais de você

quarta-feira, 13 de junho de 2012



Todos os descendentes andariam sobre as linhas ainda que eu não soubesse o porquê. Porque nós tivemos tempo e erro.
Eu tenho o seu nome na palma da minha mão, e isso me mata por ter que fingir que não temos a vida que pensávamos que teríamos e que após tanto tempo, ainda não é o bastante.
O ar inalado é mais que oxigênio e menos que a vontade de escapar. Sem dosagens.