sábado, 3 de março de 2012

E eram muitas, como em uma legião. Inúmeras crianças, com seus olhinhos pequenos e mãozinhas miúdas. Sorridentes, alegres, correndo felizes pelos corredores da velha casa. Ao acordar abraçavam seus travesseiros, agradeciam ao “papai do céu” por mais uma noite de sono tranquila em suas camas confortáveis e não demorava muito para que levantassem e corressem descontroladamente por toda a casa. Algumas vezes se machucavam, eram apenas crianças, e cabia aos responsáveis levá-las ao posto de saúde para tomar os tão temidos pontos. E naquela hora doía, mas eles estavam sempre lá, cuidando delas, fazendo de tudo para mandar aquela dor embora. E elas chegavam a casa, assim, no colo de alguém, meio que sem jeito, com o dedo na boca. Minutos se passavam e elas já estavam prontas para percorrer todo o caminho novamente. Quando se cansavam, deitavam-se na grama verde para desfrutar do belo pôr-do-sol de muitos entardeceres de verão. Mas o relógio na parede da sala não congelara como o desejado, e com o tempo, despertar nem sempre era tão bom e a corrida contra o tempo se tornava cada vez mais difícil. Ainda assim, correram, correram e caíram, eram apenas crianças. Os seus olhinhos procuraram aqueles rostos mas não encontraram ninguém lá e as suas mãozinhas não foram capazes de suportar o peso dos próprios corpos. E elas se cansaram de estar alí… lá fora chovia, estava frio, não havia pôr-do-sol ou grama verde, não mais. Naquele momento, tudo o que havia era o vazio, o espaço perdido de suas mentes, o qual pela primeira vez elas não queriam alcançar. Aquelas crianças dormiram na rua aquela noite.

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