O mesmo olhar, o mesmo modo de andar. O mesmo sorriso plástico.
Serpenteando vagarosamente entre as mesas, o mesmo cheiro estúpido de café.
Ora, que ironia, a mesma chuva na janela. A mesma conversa fiada.
As mesmas perguntas tolas, como se já não soubesse de cor todas as respostas.
O gesticular, o tom convidativo, os mesmos.
A mesma gentileza insuportável, a mesma carona desnecessária.
As mesmas cores e carros e luzes e vultos e ilusões correndo por trás do vidro molhado.
A mesma música enjoativa. Os mesmos desejos tediosos.
O mesmo apartamento.
Sem convites, as mesmas negações.
O mesmo clique de porta se abrindo, a mesma pressão no braço.
o mesmo corpo colidindo com a parede.
Não dessa vez. O mesmo não.
O mesmo rosto virando, o mesmo empurrão.
As mesmas lágrimas. As mesmas vãs negações.
Os mesmos toques terremotoriais, as mesmas carícias roubadas.
A mesma boca fria, o mesmo hálito doente.
o mesmo revirar de olhos, o mesmo subir de escadas.
A mesma sala apagada, as luzes da cidade atravessando as janelas e abraçando o chão frio.
…
…
…………………..
…….
……………
………..
O mesmo despertar. O mesmo arrependimento.
O mesmo nojo, a mesma cama vazia.
O mesmo ciclo.
De novo.
De novo.
E de novo.
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